16.10.08

A Nova Inconfidência Mineira

Estamos vivendo um momento histórico em Minas Gerais. Um momento que políticos, empresários e intelectuais estão chamando de: “A Nova Inconfidência Mineira”.
Educação, saúde, segurança pública, reforma política e econômica. São esses alguns dos muitos temas que os membros do Conselho Nacional de Entidades – CONNACEN – prometem defender na posse da diretoria no próximo mês de novembro.
As manchetes recentes e de outrora são claras e traduzem uma realidade tão antiga quanto o Brasil: as poucas chances de distribuir renda através do Estado são ineficientes diante da demagogia das elites políticas, da corrupção predominantes em todos os escalões da República, em todas as suas esferas administrativas e Poderes.
A cultura da corrupção (verdadeira “burrice do demônio" permeia nossa sociedade, atingindo até mesmo as relações privadas (o que justifica a facilidade com que o crime organizado tem comandado ações impressionantes e até mesmo espetaculares, não só no estado de Minas Geras, mas com ramificações em todo o país, recrutando excluídos e esclarecidos para suas ações nefastas).
Nossa geração está colhendo os amargos frutos de séculos de descaso e falta de combatividade às reais causas de nossas mazelas.
A propósito, vale transcrever a assertiva de John Patrick Diggins, contida na introdução da obra “Max Weber. A Política e o Espírito da Tragédia”. “Tanto Weber quanto Tocqueville acreditavam que a política sem cultura e sensibilidade moral seria um pouco mais do que cobiça privada do capitalismo realizando-se através de meios públicos”.Surge o dilema: como vencer as forças externas que empurram a humanidade para uma desigualdade cada vez maior entre as nações? Como vencer as dificuldades internas oriundas de elites alienadas e insensíveis que corrompem o Estado e exploram os recursos locais à exaustão (incluindo os recursos humanos)?
Não há uma resposta simples, mas algumas necessidades são urgentes, a partir de uma conclusão:
Internamente, o Brasil, com a máxima urgência, pois o desequilíbrio social está em um limite insustentável, necessita combater males antigos. Fortalecer instituições como o Ministério Público (em todos os níveis), viabilizar uma imprensa que seja verdadeiramente mais independente dos favores governamentais, ouvir os movimentos e manifestações culturais (artes, como o cinema nacional independente e crítico), combater a cultura generalizada da corrupção, dando o próprio bom exemplo institucional (no coletivo e no individual), moralizando os três Poderes e educando verdadeiramente nossa população (antes de tudo) são passos imprescindíveis para “começar” uma revolução que não de ideologias ultrapassadas, radicalismo, xenofobia, caos social ou qualquer outra conduta que aprofunde a crise, mas nasce de uma transformação na maneira como se enxerga o país e suas instituições (mudanças endógenas).
Como poderemos auxiliar na mudança da realidade internacional, se na somos capazes de internamente alterar comportamentos destrutivos tão ancestrais? Qual é a nossa autoridade moral para tanto? Será que os “Senhores do Poder” (principalmente suas eminências pardas) continuarão a nos canibalizar? Será que a honestidade continuará a ser eventual virtude, mérito (e não dever), quando não é uma vergonha (verdadeiro capitis diminutio)? Será que continuaremos a ser os novos colonizadores em uma terra sempre explorada à exaustão, quando deveríamos construir uma nação de compatriotas e cidadãos?

(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo

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