27.9.07

“Caixa dois: a tragicomédia”


(*) Wessery Zago
Belo Horizonte/MG

Na Sala de Imprensa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais pergunto ao jornalista e radialista Fábio Luiz Reis: “Walfrido cai”? Ele é enfático: “Não”. "E Renan"? “Muito menos”.
Procuro uma segunda opinião e pergunto ao jornalista Carlos Cordeiro: “Walfrido cai Carlos”? “Não”. "E Renan"? “Também não”.
Já Ricardo de Campos Lara, jornalista e presidente da ASCOBAP - Associação Comercial do Barro Preto/BH - é mais contundente. “Esse novo fato serve para atrair a atenção do público e da mídia, fazendo esquecer dos fatos consumados e a margem de apuração”.
A cúpula do PSDB diz apoiar Azeredo e que somente se pronunciará sobre o caso depois que o procurador geral da República, Antônio Fernando de Souza intimá-los.
Em São Paulo, o governador do estado José Serra (PSDB), nega o ostracismo do senador e repetiu por diversas vezes que Azeredo é “homem íntegro, honesto. De grande caráter”.
Tássio Jerreisati, presidente nacional do PSDB, acrescenta: “Azeredo é homem honesto. Quem é correto fica transtornado num momento desses”.
Em Minas Gerais, Aécio Neves - que foi citado em uma lista como beneficiário de R$ 110 mil na campanha de 1998, quando era candidato a deputado e que segundo sua assessoria nunca recebeu tal recurso, frisando que ele (Aécio) não é citado “no corpo do relatório da Polícia Federal” - defende Azeredo e diz que o senador é “homem de bem”.
Em Brasília, o porta-voz da presidência Franklin Martins, vai à imprensa e diz que Walfrido tem o apoio de Lula e permanece no governo.
Na quarta-feira (26), em Belo Horizonte, a ministra do Turismo Marta Suplicy (PT) fez rasgados elogios à Mares Guia, enfatizando que ele (o ministro) deve permanecer no governo.
Marta, ao participar da abertura do Salão Mineiro do Turismo, rasgou: “Recebi um ministério enxuto e organizado, com inúmeros projetos em andamento”. Finalizando Marta encheu a “bola” de Walfrido: “Não faço fogo amigo, eu sou amiga”.
Para alguns parlamentares mineiros - menos Arley Santigado (PTB/MG) que - na tribuna da ALMG -, também, rasgou elogios à Mares Guia dizendo que é testemunha das qualidades de homem público sério, competente e leal que Walfrido é - os elogios de Marta são “elogios cheios de espinhos”.
Azeredo se diz indignado com as denúncias em que aparece como chefe do esquema mineiro e chama o ex-presidente da República Fernando Henrique para a responsabilidade. “Para começar, essa campanha não foi minha, foi de todo o PSDB, inclusive, de Fernando Henrique Cardoso”, declarou Azeredo.
Frases como: “mensalão mineiro” e “corrupção no congresso nacional” são tão comuns na vida da política brasileira que seria o caso de algum parlamentar, mais ousado, propor que se acrescente no lugar do velho ícone de “ordem e progresso”, inscrito em nossa bandeira, uma nova máxima: “Ordem, JUSTIÇA e Progresso”.
Até parece texto teatral. Uma tragicomédia. “Não há mensalão”. “Não há corruptos e muito menos evidências”.
Oras bolas! Nessa ótica só tenho a concordar! Se de tudo o que se fez, ninguém sabia de nada; logo, somente digo: “ninguém será punido”.
De todos os atores dessa tragicomédia, o mais experiente da trupe é o experiente Marcos Valério.
“Denúncia não é culpa”, diz Walfrido Mares Guia.
Feche-se as cortinas.

(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo.

Nenhum comentário: