
(*) Wessery Zago
AGÊNCIA WZ NOTÍCIAS/BELO HORIZONTE -MG
Platão (428-328 a.C.) não acreditava na democracia. Para ele a política, a boa condução dos homens em sociedade, era uma arte que somente bem poucos dominavam. O ideal, para Platão, era uma coletividade governada pelos mais sábios, visto que os pensadores eram uma espécie de sócios humanos dos deuses, os únicos a entenderem os difíceis mecanismos da boa regência de tudo.
Imaginemos por um só instante a imensa máquina do mundo, o vastíssimo cosmo com suas galáxias e suas incontáveis estrelas, simplesmente parando. Retrocedendo, girando ao revés. Nasceríamos adulto, retrocederíamos à adolescente e cada vez, ficaríamos, ainda, mais jovens, voltando a sermos criança até desaparecer no ventre materno. A vida desapareceria como fumaça.
A destruição e reconstrução do mundo fascinava Platão - à Max também – que no diálogo “O Político”, lança-se a especular sobre as virtudes da ciência política.
Na mitologia grega a criação da mulher veio causar uma tremenda “bagunça” na terra. O homem vivia tranqüilamente e em harmonia com os animais comunicando-se entre si. Hoje, o próprio homem, feroz e determinado em alcançar o poder e atrair “presas indefesas”, habilidosamente está forçado a organizarem-se em estados ou governos para sua sobrevivência.
Mas, se há uma obrigação indeclinável para qualquer governo, essa obrigação é a de combater a pobreza e a fome. Não falo, tão somente, constitucionalmente. A pobreza e a fome é uma obrigação moral numa sociedade que se quer respeitar a si própria.
Sei bem que governo se costuma medir economicamente falando e que somente com seu crescimento se pode diminuir as desigualdades sociais. Entretanto, como bem disse Platão, bem poucos dominam a arte da política e precisaremos de um pouco mais do que alguns litros de óleo de peroba para buscar uma maior sensibilidade social e moral de um governo que deve tratar, de forma diferenciada, os mais desfavorecidos, os mais pobres e, sobretudo, àqueles que sofrem uma “pobreza sem voz”, por não terem condições para se fazerem ouvir.
Os idosos, também, devem ser uma prioridade no combate à pobreza. As estatísticas não mentem: é entre os idosos que a pobreza se manifesta de forma dura e sem alternativas.
Na terra de Cristóvão Colombo, mais de 30% dos idosos são pobres. E é um indicador que não tem paralelo na União Européia. O problema mais grave está, portanto, identificado naqueles que vivem exclusivamente ou fundamentalmente de pensões, de velhice e de sobrevivência, sem poderem recorrer a outros rendimentos que lhes permitam uma vida com dignidade.
O crescimento econômico contribui muito para resolver problemas como o desemprego, as desigualdades e até a própria sustentabilidade da segurança social mas, o crescimento, por si só, não resolverá o problema do combate àquela pobreza sem esperança, que é a pobreza entre os idosos. Para esta pobreza é indispensável uma política social ativa, consciente e com responsabilidade. Em nome de uma sociedade justa, em nome de um país solidário, em nome do povo brasileiro.
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo.
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