A Cemig e o lampião de querosene
(*) WESSERY ZAGO
Belo Horizonte/Minas Gerais
Somos um povo goetheano. Queremos luz, luz, mais luz. Entretanto, com o aumento e a cobrança abusiva de energia elétrica, corremos o risco de voltar aos tempos do lampião de querosene. Isso mesmo, aquela luz trêmula que é sinal de espectro além-túmulo.
O horror de casa sem fogo. E já dizia José Lins do Rego: “fogo morto é decadência”.
Ao longo dos anos, o valor das tarifas elétricas, vêm causando grande impacto aos consumidores domésticos, principalmente, aos de baixa renda.
Enquanto o inferno é o reino das trevas e purgatório, penumbra, a Cemig é o “inferno” dos pobres, que sabem muito bem o quanto demorou para que a luz chegasse em seus casebres e, hoje, vislumbram a oportunidade de - com tição de brasa na mão - afastar o fantasma da escuridão.
E olha que tudo começou em 1995, quando os descontos que favoreciam os consumidores residenciais com consumo de 200 kWh, resultaram em um violento aumento nas contas de luz.
Ninguém pode negar. Após a implantação do programa de racionamento (o chamado Horário de Verão), mais uma vez, o consumidor residencial foi penalizado, sendo obrigado a economizar energia e a pagar sobretaxas, que pesam, ainda mais, o seu orçamento doméstico.
Prova disso, são as inúmeras ações judiciais que a Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig -, vem sofrendo na justiça.
Atualmente a fornecedora de energia elétrica se defende de 220 ações populares e, acreditem, mais 100 estão à caminho. Essas ações dizem respeito à cobrança da taxa de iluminação pública (ver matéria de capa e página 03).
A cobrança abusiva das tarifas de energia elétrica provoca um enorme desgaste político e econômico para o governo. E não se pode esquecer que 2006 é um ano eleitoral.
É claro que a energia é vetor fundamental do desenvolvimento e o Brasil precisa crescer para evitar que novos brasileiros se agreguem aos milhões hoje desempregados.
Minas detém do gusa ao carvão vegetal que poderia desenvolver projetos de co-geração de energia elétrica. A verdade é o seguinte: essa história de central hidrelétricas já era. Passou da hora de mudar o modelo ou a matriz energética. E chega de blá, blá, blá...
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
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