Subdesenvolvimento político
O risco é meu. Às véspera de um novo mandato presidencial, talvez, minha opinião vem ficar em segundo plano. Mas, a verdade é que estamos diante de uma insatisfação popular e atravessando dias de sombra. Muito já se falou sobre reformas políticas, principalmente, a eleitoral. Entretanto, uma coisa, ainda, não foi dita. Nosso subdesenvolvimento, nunca foi econômico e tão pouco tecnológico. É político.
Diante de um futuro incerto, de uma ameaça de desemprego e de falta de horizontes, os jovens de hoje estão angustiados. Vejam vocês!!! Ao produzir esse texto, pergunto à Fabiano Camilo, um estagiário de 26 anos - ele faz questão de deixar o número do telefone para quaisquer esclarecimento: 31 8812.8277 - se ele vislumbra perspectivas futuras. A resposta: “Não vejo nenhuma perspectiva futura”.
O povo está perplexo e cansado de carregar como contrapeso a expressão de “povinho ruim”. O brasileiro – que não desiste nunca – é inteligente, flexível. Muitas empresas internacionais reconhecem isso.
Somos a 8.a economia mundial, detemos a maior bacia hidrográfica do mundo, exportamos riquezas naturais como pedras preciosas, mineiros de ferro e bauxita, agricultura, petróleo e conseguimos adaptar-nos às mudanças tecnológicas complexas. Mas, nos falta olhar com atenção para a educação, informação e saúde. Nos falta, também, uma demanda social justa.
Posso afirmar sem medo e receios: “Somos um gigante preso por alguns medrosos dentro de estruturas disfuncionais”.
Não é que todos os políticos só pensem em si ou sejam corruptos. Isso é uma expressão popular equivocada. A maioria é dedicada e séria. Não há escapatória. O deputado, o senador, o prefeito, o governador e, obviamente, o presidente têm de ser eleitos.
A lei eleitoral de hoje obriga os deputados a catar votos por todo o Estado, garimpando aqui e ali. É um processo caro e incerto. No Brasil, o eleitor da classe baixa e media baixa, infelizmente, não sabe discriminar entre dezenas de representantes qual é o candidato sério.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra o eleitor consegue saber facilmente quem ele elegeu e pode cobrar respostas dos seus representantes do seu distrito.
Aqui, no Brasil é mais difícil. Cobrar o quê? De quem? Não há fidelidade partidária!? Acaba as eleições e o deputado ou senador que foi eleito por um partido, numa velocidade quase que supersônica, muda para outro.
A eleição presidencial é ainda pior. É um trauma. O vencedor passa a controlar a máquina pública e os mecanismo de dar ou negar favores. É contínuo varejo.
É de se estranhar que, desde o início da República, raros tenham sido os governos que não se envolveram em conflitos com o Congresso. Em um sistema tão ruim, tanto faz se os políticos são santos ou bandidos. É como uma tysunamy, o perigo de catástrofe é o mesmo para todos.
Falta muito ao Brasil em termos de regime verdadeiramente democrático. As medidas provisórias, o voto obrigatório, o peso do voto de cada cidadão variando conforme o estado da Federação, são alguns dos exemplos que contradizem a nossa democracia. Conseguimos fazer o oposto do presidencialismo federativo, que nos serviu de modelo republicano, os Estados Unidos. Lá, os Estados e municípios que se endividem têm de se virar sozinhos - aqui, a conta vai para a viúva.
Sinceramente, sabe quando teremos nossas tão sonhadas e esperadas reformas brasileiras?
Quem viver, verá!
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo.
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