4.1.07

Crônica

Gentileza urbana

Em alguns países do dito 1.º mundo, muitas pessoas tem se preocupado em deixar mais bonitas as cidades onde vivem. É um sentimento muito nobre e de forte conotação social, demonstrando o carinho e a gratidão que estas pessoas sentem pelas cidades em que nasceram ou que as acolheram. É a gentileza urbana.

Uma destas pessoas chegou ao requinte de folhear à ouro e iluminar uma pequena torre no alto de um arranha-céu de Nova Iorque, somente para deixar a noite mais bela. Outros, mais modestos, cultivam flores e plantas ornamentais em frente às suas casas ou em locais públicos, somente para aos olhos de quem passa.

O que temos feito por Belo Horizonte? Uma visita a qualquer lugar mostra o nosso descaso para com nossa cidade e nossos concidadãos. Desde o centro comercial passando pelos bairros mais festejados ou indo aos lugares mais humildes, as mesmas cenas se repetem. São lotes vagos e abertos, com mato tão alto ("me perdoe a mamona, mas a flor é fundamental"), que amedronta até as onças. Nossos passeios não têm desenho padronizado, são esburacados, feios e encardidos pela sujeira perene. O meio-fio das ruas e avenidas esburacadas vive oculto pelo capim e pela sujeira que se acumula pela falta de uma vassoura. E o que dizer então das nossas praças mal cuidadas e até mesmo dos cemitérios abandonados? Será que a mamona (olha ela aí de novo!) é a nossa planta-símbolo? O nosso prefeito atual merece um honroso destaque, pois é um dos poucos que se preocupa com o embelezamento de nossa Belo Horizonte, desde os tempos do saudoso Juscelino Kubitschek, o presidente bossa nova.

Moramos em uma cidade que, ainda, teima em ser linda. Ela é a nossa casa. É nela que nós vivemos e recebemos nossas visitas e convidados.

Vamos ser mais gentis uns com os outros e com nossa cidade. Talvez não precisemos mais crescer tanto e quem sabe não precisemos mais de tantos prédios! Acho que precisamos é de mais verde, de mais flores, de cuidar mais daquilo que já temos. Talvez estejamos precisando amar mais nossa Belo Horizonte. Radicalmente, se necessário for.


(*) Wessery Zago é jornalista pós-graduado em Política, escritor e teatrólogo.

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