2.1.07

CRÔNICA

Diário de um homem triste


(*) Wessery Zago

BELO HORIZONTE/MINAS GERAIS

Mamãe, a senhora que bem me conhece, sabe melhor do ninguém, quem sou. Meus irmãos falam que sou um “ajudador de pessoas”. E é com lágrimas nos olhos e com profunda tristeza no peito mãe, que escrevo essa crônica para lhe informar que bebês estão morrendo. E estão morrendo, mãe, aos quilos (ou aos montes, como queira). Ora mãe, sei que isso não é nada que nunca tenha acontecido. Mas, é algo de que quero falar.

A verdade, é que meu dever - solidário e doloroso – é de participar da dor dos pais dos 16 bebês mortos em Poços de Caldas. Mãe, a senhora não vai acreditar. Alguns morreram antes mesmo de nascer. A senhora me pergunta: Mas, Wessery, muitos desde bebês não vieramm ao mundo por complicações? Mas, esses bebês mãe, não vieram ao mundo por complicações na gravidez, eles não vieram ao mundo por absoluta negligência e maldade de um homem.

Com a morte desses bebês, mãe, eu, também, morri um pouco. Como disse a raposa ao Pequeno Príncipe sobre sua rosa, para mim, dentre tantos e tantos outros bebês, aqueles deveriam serem únicos. Meu cálice mãe, transportou. É como diz o ditado: “mais vale um minuto na vida, do que a vida num minuto”.

Em homenagem aos bebês, vou escrever um poema;


Foi tanta a pouca sorte,
na Santa Casa encontrou a morte.
Quando vinha aos seus pais,
O médico não quis mais.
E seus destinos afinal,
acabou por ser fatal.

Trazia consigo, alegria
Na ideia um só pensar.

Tudo que queria era,
o seu paizinho beijar.


Mas tudo foi de repente
Um drama aconteceu.
Nada o pai podendo fazer

Vendo o seu filho morrer.

Que por maldade,

Oh! Meu Deus!!!

Um homem que deveria trazer vida,

Assisti agora, almas feridas.

Olhe minha mãe. Não vou prolongar mais meu sofrimento e tão pouco fazer com que a senhora, também, sofra. O luto é meu. Mas com esse diálogo mãe, nos tornamos mais próximos. Resta-me somente rezar e pedir aos meus amigos que, também, rezem pela morte dos 16 pequeninos.

Do fundo do coração, mãe, muito obrigado pelas palavras amorosas e pelo generoso colo, quando meu cálice transbordou.

(*) Wessery Zago é jornalista pós-graduado em política, escritor e teatrólogo.

E-MAIL´S: jornalistawesseryzago@hotmail.com ou wesseryzago@ultimapalavra.com

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