12.11.08

Obama do Brasil


Na manhã do primeiro dia, após as eleições presidenciais dos EUA, na sala de imprensa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em companhia dos jornalistas Fábio Reis (leia-se Rádio Sete Colinas) e Eliseu (leia-se Hoje em Dia), lia atentamente os principais jornais de Minas e do País. Todos - sem exceção - estampavam em primeira página a vitória de Barack Obama ao cargo de presidente dos Estados Unidos da América.
Sinceramente eu não entendo tamanha a comoção dos brasileiros em volta de Obama. Acredito que, se não na totalidade, enorme percentual (90%) dos brasileiros não tem a menor idéia do nome do meio dele, idade e, nem muito menos, quais são suas propostas para levantar os Estados Unidos da América.
Barack Hussein Obama II, nascido em Honolulu, em 4 de agosto de 1961, foi eleito o 44.o presidente da maior nação do mundo. Isso é fato. Você dizer que ele é negro e que foi o primeiro negro a se eleger presidente dos EUA, isso é MARCO, mas, SERÁ QUE ISSO É O SUFICIENTE?
Lembrando que o democrata deixou claro que não se serviria da questão racial durante sua campanha, a candidatura dele empolgou os negros, que formam cerca de 12% da população norte-americana. A questão racial apareceu algumas vezes, entre elas durante as prévias do Partido Democrata, nas quais Obama derrotou a ex-primeira-dama Hillary Clinton. Tratando da polêmica, Obama pediu o fim dos conflitos raciais em discurso.
Não estou afirmando que ele não seja capaz de fazer uma grande mudança e alterar, drasticamente, o rumo dos Estados Unidos da América.
Hussein tem gigantescos desafios a enfrentar. Uma crise financeira que já atinge o Brasil e pode afundar a América numa recessão sem precedentes e duas guerras em andamento (uma necessária no Afeganistão e outra que contraria o bom senso, no Iraque) são os principais deles.
Em outro artigo intitulado “Bush o senhor da Guerra” deixei claro que o legado de Bush é horrível e, agora, Obama tem razão ao dizer que o Afeganistão é o único fronte de batalha real na guerra contra o terrorismo e que o Pentágono não terá os recursos que precisa para derrotar a Al Qaeda e o Talibã até que as tropas americanas comecem a deixar o Iraque. Seu desafio será fazer isso de forma ordenada sem gerar conflitos regionais. O que não será nada fácil.
Há muitos outros problemas a ser resolvidos. Milhões de americanos não tem assistência médica, mesmo os cidadãos mais vulneráveis do país. Outros americanos mal podem pagar por sua assistência ou correm o risco de perdê-las juntamente com seus empregos. Eles precisam ser protegidos.
A mudança climática é uma ameaça mundial e, após anos de negação e imobilidade, os EUA precisa assumir a liderança para lidar com ela. A nação americana precisa desenvolver novas tecnologias mais limpas para reduzir os gases causadores do efeito estufa e sua dependência de petróleo estrangeiro
Os muitos desafios da nação estão além do alcance de apenas um homem, ou um partido político.
Se um anjo lhe sopra num ouvido que o tamanho de sua vitória e sua força política é capital suficiente para as enormes batalhas que tem pela frente, na economia e nas políticas interna e externa, um diabinho captura o outro ouvido para aconselhar: “pense pequeno, empurre com a barriga, finja-se de morto, pois não vai dar mesmo para cumprir aquelas maravilhosas promessas de campanha”.
Acredito que Obama dará ouvidos ao anjinho, sem descuidar que em 2009 expira a legislação que permitiu a Bush cortar os impostos dos mais ricos e 2011, quando as eleições de meio de mandato testam a popularidade do chefe do Executivo.
Também será fato se caso Obama erre na mão para tratar da economia (enferma e no CTI), certamente, se arriscará a perder apoio popular e o respaldo de que dispõe hoje no Congresso Americano.
QUEM VIVER... VERÁ!!!

(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo

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