3.4.07

Nem mesmo as bruxas...


(*) Wessery Zago
BELO HORIZONTE

As bruxas estão à solta e nem mesmo elas conseguem decolar nos aeroportos do país. Há tempos busca-se soluções para esse problema. Acontece que - ao meu ver - desde o período da ditadura militar, motivada pela revolução de 64, muitas atitudes tomadas naquela época feriram – e muito - o direto à cidadania.


Hoje - 43 anos após a revolução de 64 – também ao meu ver – o direito à cidadania continua a ser desrespeitado e dificilmente se encontra soluções para problemas que não se quer resolver. E esse “pepino” ou “abacaxi” – como queiram - dos aeroportos está longe de ser descascado.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu um prazo para solucionar o problema mas, conversando em off com deputados mineiros, ficou claro - ao menos para mim -, que o governo não resolverá tão cedo essa pendenga.

Para o deputado Doutor Viana (DEM- antigo PFL) a crise tem conseqüências gravíssimas e necessita de rápida solução. “Pelo tempo e desenrolar dessa crise as conseqüências e transtornos aos usuários dos aeroportos mostram, claramente, a inoperância da administração federal”, disse Viana.

Já Domingos Sávio, deputado estadual pelo PSDB, afirma que a crise aérea é uma questão de gestão. “A crise é de gestão. Diante de uma situação difícil o governo comunica a aeronáutica que resolverá a situação e, em menos de 24 horas, volta atrás. Há vários vezes que essa crise aérea vem se arrastando e o governo não toma uma decisão firme e decisiva. Daí a irresponsabilidade e incompetência de um governo de companheiros”, enfatizou Sávio.

Outro deputado que faz questão de mostrar sua indignação com a administração federal é João Leite (PSDB). “Não tem nada mais o que ser dito. O problema é mesmo de gestão. Muito se tem perdido com essa crise. Vidas até”, salientou João Leite.

Na manhã (de ontem dia 03), Lula admitiu que autoridades responsáveis pelos aeroportos teriam culpabilidade na crise do setor aeronáutico brasileiro e mais uma vez, falou em prazo. “Quero dia e hora para anunciar que não vamos mais ter problemas. Não existe mais como explicar para a sociedade, a não ser uma solução”.

No mesmo dia Lula, novamente, voltou a relacionar o problema à crise da Varig. Concordo!!! O presidente, também, relacionou a crise do tráfego aéreo brasileiro ao crescimento do turismo no país. Descordo!!! O crescimento não tem culpa. O governo sim. E ele próprio, o presidente, apontou a responsabilidade ao governo, mesmo não relacionando, diretamente, os setores “culpados”.

Desde a falência da Varig que, hoje, é da Gol voar virou - quase que somente – privilégio dos pássaros. Ao meio de pouquíssimas decolagens e aterrizagens, prejuízos incalculáveis já foram computados. A morte de um passageiro que morreu vítima de infarto em Curitiba esperando o seu vôo é o maior prejuízo até agora. Perde-se a vida e o governo, analisa, estuda e decide por nós. É inacreditável! O governo passou a controlar nossas vidas.

A questão da greve – inclusive de fome (não acredito) – dos controladores de vôo foi apenas a ponta do iceberg. Há muitas falhas a serem corrigidas e, assim como a sociedade, o governo tem conhecimento disso.

Segundo a organização Contas Abertas, responsável por estudos da execução orçamentária dos poderes públicos, os Fundos Aeronáuticos acumularam um saldo positivo de R$ 2 bilhões.

O governo cobra dos usuários tarifas para custear serviços prestados e explica que o dinheiro é investido em conservação, modernização e ampliação da infra-estrutura aeroportuária mas, a verdade é que nem tudo recebido é tudo aplicado.

O caos é sintomático e a “doença” é a mesma: a baixa capacidade do governo em atender demandas da sociedade após arrecadar recursos. O difícil é ver resultados.

Não sou nenhum douto em economia mas o diagnóstico é simples: A SOCIEDADE PAGA, MAS NÃO RECEBE NA MESMA MEDIDA.

(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo.

Nenhum comentário: