6.6.07

A política e a liberdade de expressão

(*) Wessery Zago
BELO HORIZONT/MG

A política se prostituiu. E a imprensa vai ao mesmo caminho. Comandada pela ambição de poder e dinheiro, assim como a política, a imprensa está vazia. Virou uma merda!
Primeiramente a política: os jornais e os noticiários da televisão estampam, diariamente, manchetes de que a corrupção brasileira não tem fim e não poupa ninguém. Nem mesmo Vavá. Os escândalos apontam cifras alarmantes e vitimam cada vez mais o bolso dos brasileiros e brasileiras do Brasil.
O círculo vicioso de roubar está no topo desta triste escalada do “ninguém me pega”. É, totalmente, anacrônico cobrar coerência na classe política e jornalística.
No caso específico da RCTV sei que há fortes motivos para que Lula aja do jeito que agiu quando Chávez se referiu ao congresso como papagaio dos EUA.
Empresas brasileiras lideradas pela Odebrecht – investidora de sua campanha – lucram mais e mais com seus petródólares venezuelanos. Deixando absolutamente claro o puro interesse político.
Para Lula, seu governo está fazendo um esforço imensurável para garantir a liberdade de expressão. Eu pergunto: Que liberdade?
Ao menos no meio jornalístico, é sabido que o quesito da ética é respeitar o contraditório, mas sabemos que nem todos respeitam e a luta pelo poder se transfere para o meio, fazendo com que - em muitas democracias ocidentais, inclusive no Brasil - jornais, rádios e emissoras de TV se vendem ao jornalismo econômico. Sem expressão, não há liberdade. Nem na Venezuela, nem no mundo.
Mais do que uma falta de respeito à liberdade de expressão, o fechamento da RCTV – TV oposicionista à Hugo Chávez – foi antidemocrático e, quando a TV Digital chegar ao Brasil, rezo à Deus e ao Congresso que não permitam que aconteça no Brasil o que aconteceu no “parceiro” país do camarada Chávez.
Hoje – não como ontem -, bem como a política a imprensa busca objetivos eminentemente financeiro e já faz muito tempo que a imprensa brasileira não tem uma causa, uma bandeira, mesmo vivendo um momento extremamente positivo, rico de novidades, que reflete o que há de melhor na democratização do meio.
Depois de uma sombria história de ditadura e violação do direito de expressão – que parecia jamais terminar - ontem (05), participei do debate para a disputa da presidência da FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas – e ouvi do candidato da oposição, jornalista Dorgil Marinho: “o jornalismo brasileiro está em xeque”. E já que o vento sobra a favor só beneficia os que sabem para onde ir, o momento é mais do que oportuno para que os jornalistas mostrem a força que tem, nem que para isso seja preciso ir às armas. Ou melhor, à pena.

(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo.

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