4.8.09

O dilema da população de rua


Belo Horizonte vem apresentando nos últimos anos uma mazela de grande metrópole que merece a atenção das autoridades e da sociedade belohorizontina: o crescimento desenfreado da população de rua. Em algumas áreas da Capital, é praticamente impossível para o cidadão caminhar ou mesmo circular de automóvel sem que seja abordado por um exército de pedintes, flanelinhas, limpadores de pára-brisa, vendedores de bugigangas e achacadores em geral. Esta realidade desafia administradores públicos, órgãos de segurança - como por exemplo os CONSEP s - e organizações sociais.
Pauta constante do Conselho CDL do Barro Preto da Câmara dos Dirigentes Lojistas – CDL/BH - o tema tem sido amplamente debatido entre especialistas, autoridades e sociedade civil organizada com objetivo principal de dimensionar o problema e apontar soluções.
O ponto de partida é a pesquisa de percepção de moradores e freqüentadores da cidade sobre a relação diária com pessoas que pedem ou mesmo tentam extorquir.
Entre muitas revelações, o dilema da população de rua está presente na vida da cidade e no dia-a-dia de nove de cada 10 cidadãos belohorizontinos.
Esta constatação justifica esse editorial e nos faz refletir e perguntar: ATÉ ONDE VAI ESTE PROBLEMA? É sabido que a questão vai do aspecto social ao policial, já que inúmeras pessoas revelam episódios de intimidação. Ainda assim, há quem, também, revelam um sentimento de compaixão e dispõem-se a ajudar e, outros dizem ter medo dos habitantes de rua.
É justamente este sentimento de solidariedade que pode ser canalizado para ações concretas, que possam resgatar esta população marginal para uma vida útil e produtiva. Acreditamos que é possível encontrar solução para o problema e apontam com prioridade investimentos em programas de educação e emprego. Mas também reconhecemos que os cidadãos devem fazer a sua parte, organizando-se e promovendo ações coletivas concretas, em vez de dar esmolas que só ajudam a manter a dependência.
São questões como estas que o Conselho CDL Barro Preto e CONSEP 5 têm abordado. O objetivo do debate é colocar o problema na sua devida dimensão e mostrar que existem alternativas viáveis, como a experiência do Instituto São Paulo contra a Violência, organização não-governamental que vem contribuindo para reduzir a violência e a marginalidade na capital paulista.
Ninguém tem dúvida de que a origem desta situação dramática enfrentada não somente em Belo Horizonte, mas, pelas grandes cidades brasileiras, é social. Também se sabe que o poder público, em todos os seus níveis, vem buscando soluções compatíveis com a sua capacidade de agir e com os direitos individuais das pessoas excluídas. Mas sempre é possível encontrar alternativas novas e criativas para impasses como este.

Foto Legenda: Fernando Cabral, Secretário da Adminstração Regional Centro Sul de Belo Horizonte não medirá esforços para achar uma solução imediata para o dilema da população de rua
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo

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