31.5.07

(*) Wessery Zago
BELO HORIZONTE/MG


Prevaricação, corrupção e falta de pagamento de pensão alimentícia são os crimes que tem acontecido na República Federativa do Brasil. Será um problema do sistema?


Os ilícitos cometidos por quem exerce a sagrada missão de aplicar as leis constituem uma violência inominável contra a sociedade, engrossando a espiral da criminalidade que sobe, vertiginosamente, ao topo da pirâmide social.


Se juízes, desembargadores e ministros agem como criminosos as pessoas passam a perder a fé na instituição encarregada de assegurar a justiça e questionam: "Se eles podem praticar tramóias, por que devemos cumprir a lei?".


Nessas terras tupiniquins – onde se plantando, tudo dá -, a semente dos interesses privados foi plantada na roça da república. As seqüelas geradas por "donativos" persistem desde 1534, quando, generosamente, D. João III doou 15 capitanias hereditárias aos amigos da Corte. Hoje, juízes e políticos, não têm escrúpulos pra enfiar no bolso privilégios, benefícios e direitos inerentes aos cargos que exercem. E, se considerarmos que o poder político tende a multiplicar sementes corrosivas, criam-se condições para o alastramento da "cleptocracia", ou melhor, da roubalheira do Estado. Aliás, o Brasil subiu três posições no último ranking de corrupção da Transparência Internacional ocupando, agora, a 62a. posição com nota de 3,7 pontos. Segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o custo médio da corrupção no país é enorme. Em torno de R$ 26,2 bilhões. Valor equivalente a 1,35% do Produto Interno Bruto (PIB).


Isso me faz lembra do que diziam os Romanos: "A virtude está no meio. Em tudo na vida, menos no amor, a virtude está no meio".
Renan Calheiros (PMDB-AL), diz não se afastar da presidência do Senado. A oposição exige sua saída. A opinião pública cobra resultados e para eles não importam mais quem é culpado ou inocente, cabeças têm que rolar para satisfazer a frustração dos cidadãos comuns, simplesmente, porque, semelhante ao futebol, se o time está mal, o técnico é ruim ou o juiz é ladrão.


A entrevista do advogado da "gestante" – termo usado pelo senador ao referir à jornalista Mônica Veloso, mãe de sua filha de 3 anos – era tudo o que Renan queria. Apresentou em Rede Nacional - leia-se Jornal Nacional - os recibos que comprovam que os dois depósitos de R$ 50 mil - assinados pela jornalista e pelo advogado - eram mesmo para o Fundo Educacional e Cultural da filha, desmentindo assim a versão do advogado da jornalista.


Entretanto, no "O Globo", Dimário Calheiros - primo e irmão adotivo de Renan - disse que se sentiu usado como Laranja – entre aspas – pelo senador na compra da Fazenda Cocal, localizada no município de Murici, Alagoas.


Com todo o respeito que o Poder merece, desembargadores, juízes e ministros - acusados de corrupção - devem, imediatamente, retirar de suas mesas a estátua de Themis - a deusa da Justiça – que, com os olhos vendados, simboliza a imparcialidade no julgamento de ricos e pobres, poderosos e humildes, grandes e pequenos.


E já que os brasileiros esperam de seus representantes poder e integridade de super-homens, peço licença ao autor de uma historinha até muito interessante que diz: "A floresta estava pegando fogo e o elefante, ao lado de um passarinho em um grande lago, ironizava a pequena criatura, já que tentava apagar o incêndio jogando, de cada vez, uma gota de água de seu bico na vegetação que queimava. Ironicamente o elefante disse: "Oh passarinho idiota, você não está vendo que seu esforço é completamente ridículo e que jamais você conseguirá apagar esse fogaréu?". Foi então que o passarinho retrucou: "se vou apagar, eu não sei; só sei que estou fazendo a minha parte".
(*) Wessery Zago é jornalista pós-graduado em política, escritor e teatrólogo

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