4.8.09
O dilema da população de rua
Belo Horizonte vem apresentando nos últimos anos uma mazela de grande metrópole que merece a atenção das autoridades e da sociedade belohorizontina: o crescimento desenfreado da população de rua. Em algumas áreas da Capital, é praticamente impossível para o cidadão caminhar ou mesmo circular de automóvel sem que seja abordado por um exército de pedintes, flanelinhas, limpadores de pára-brisa, vendedores de bugigangas e achacadores em geral. Esta realidade desafia administradores públicos, órgãos de segurança - como por exemplo os CONSEP s - e organizações sociais.
Pauta constante do Conselho CDL do Barro Preto da Câmara dos Dirigentes Lojistas – CDL/BH - o tema tem sido amplamente debatido entre especialistas, autoridades e sociedade civil organizada com objetivo principal de dimensionar o problema e apontar soluções.
O ponto de partida é a pesquisa de percepção de moradores e freqüentadores da cidade sobre a relação diária com pessoas que pedem ou mesmo tentam extorquir.
Entre muitas revelações, o dilema da população de rua está presente na vida da cidade e no dia-a-dia de nove de cada 10 cidadãos belohorizontinos.
Esta constatação justifica esse editorial e nos faz refletir e perguntar: ATÉ ONDE VAI ESTE PROBLEMA? É sabido que a questão vai do aspecto social ao policial, já que inúmeras pessoas revelam episódios de intimidação. Ainda assim, há quem, também, revelam um sentimento de compaixão e dispõem-se a ajudar e, outros dizem ter medo dos habitantes de rua.
É justamente este sentimento de solidariedade que pode ser canalizado para ações concretas, que possam resgatar esta população marginal para uma vida útil e produtiva. Acreditamos que é possível encontrar solução para o problema e apontam com prioridade investimentos em programas de educação e emprego. Mas também reconhecemos que os cidadãos devem fazer a sua parte, organizando-se e promovendo ações coletivas concretas, em vez de dar esmolas que só ajudam a manter a dependência.
São questões como estas que o Conselho CDL Barro Preto e CONSEP 5 têm abordado. O objetivo do debate é colocar o problema na sua devida dimensão e mostrar que existem alternativas viáveis, como a experiência do Instituto São Paulo contra a Violência, organização não-governamental que vem contribuindo para reduzir a violência e a marginalidade na capital paulista.
Ninguém tem dúvida de que a origem desta situação dramática enfrentada não somente em Belo Horizonte, mas, pelas grandes cidades brasileiras, é social. Também se sabe que o poder público, em todos os seus níveis, vem buscando soluções compatíveis com a sua capacidade de agir e com os direitos individuais das pessoas excluídas. Mas sempre é possível encontrar alternativas novas e criativas para impasses como este.
Foto Legenda: Fernando Cabral, Secretário da Adminstração Regional Centro Sul de Belo Horizonte não medirá esforços para achar uma solução imediata para o dilema da população de rua
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
2.7.09
REPORTAGEM ESPECIAL
Pesquisadores descobrem o soro da memória
Os avanços da medicina estão fazendo o homem viver mais e melhor. Mas, às vezes, o cérebro não acompanha falha, sofre com as chamadas enfermidades da velhice, como o Alzheimer, a doença do esquecimento. Para vencer esse mal, a ciência está diante do seu maior desafio: decifrar o enigma do órgão que comanda nossa existência.
Desde os primeiros passos, das primeiras palavras da infância, a uma vida repleta de realizações, de experiências e memórias, tudo que se vive passa pelos misteriosos caminhos do cérebro. Segundo os cientistas, o amor, o ódio, o trabalho, até um simples movimento de dedo de mão ou um passo pode ser traduzido em impulsos elétricos e químicos que acontecem dentro da nossa cabeça. São bilhões de neurônios formando um intrincado labirinto que a ciência tenta desvendar há cinco mil anos.
Nosso cérebro é resultado da vida que levamos. A diferença entre a lucidez e a demência pode estar na nossa rotina – até mesmo no que comemos. Mas e o que bebemos?
Nos laboratórios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, cientistas pesquisam o soro da memória, um líquido que pode fazer a cabeça funcionar melhor. Concentra componentes poderosos, uma espécie de banquete natural para os neurônios.
"Tem proteínas e lipídios. Essas substâncias, cada uma de seu jeito, atuam ajudando os neurônios a fazer suas redes. Elas atuam em um momento importante, que é a formação de sinapses, justamente quando catalisamos tudo aquilo que vimos durante o dia. Apreendemos o conteúdo durante o sono, basicamente", explica a nutricionista Denize Ziegler, da Unisinos.
Mas de onde vem a poção quase milagrosa? Do soro do leite.
"O soro é a parte líquida do leite. As pessoas podem perguntar: Como, se o leite todo é líquido?. Sim, ele é líquido, mas é a emulsão de várias substâncias dentro de um líquido. Separando a parte branca, fica a água do leite", esclarece a nutricionista.
Ciência pura que dá para fazer em casa. Mas atenção: não é qualquer leite que carrega o segredo do soro da memória. Leite de caixinha e em pó não funcionam. De acordo com os cientistas, o processo industrial acaba com os preciosos ingredientes que agem no cérebro. A pesquisadora recomenda o leite em saquinho, tipo A ou B.
O soro da memória contém proteínas, peptícios e lipídios. Eles ajudam os neurônios à formar a sua rede através das sinapses.
Anote aí a receita do soro:
- Para cada litro de leite, misture o suco de um limão inteiro.
- Deixe descansar de quatro a doze horas até coagular.
- Depois, separe a parte sólida da líquida com uma peneira bem fina. O que sobra é o soro da memória.
"Ele é insípido, não tem gosto. Um gole não faz grande feito. O importante dos alimentos que servem como coadjuvantes da saúde é que eles sejam consumidos com o tempo. Estudos mostram que em três meses nota-se uma diferença na memória e no sono. Tomando meio copo antes de dormir durante três meses, há uma diferença interessante. Você vai conseguir descansar melhor, deixar o cérebro mais tranqüilo. Em conseqüência disso, vai ter um melhor aprendizado das tarefas que você realiza", diz a nutricionista.
Dura de três a cinco dias na geladeira. Também pode ser congelado. O processo é bem parecido com o que acontece nas fábricas de queijo. Mas qual é o destino dos milhões de litros de soro que o Brasil produz todos os dias? Na Europa, por exemplo, o soro do leite tem destino nobre: ele é transformado em pó e adicionado a massas e biscoitos e também vendido nos mercados como bebida para crianças e adultos. No Brasil, apesar de a ciência já conhecer os poderes do alimento, o soro da memória acaba na grande maioria das vezes jogado aos porcos.
Só em uma fábrica de queijo 70 toneladas por mês vão para o carro-pipa da fazenda da suinocultora Karmen Scheuer, em Marques de Souza, Rio Grande do Sul. Todo dia tem carregamento.
"Quatro mil litros custam R$ 20. É barato, mas é uma ajuda para laticínios. Se quiséssemos, poderíamos conseguir de graça, porque eles têm problemas com o meio ambiente. Eles têm que dar sumiço ao produto que sobra. É um lixo dos laticínios", diz a suinocultora.
Como registrar para sempre as lembranças mais importantes
Mas o soro, sozinho, não faz milagre. Em um laboratório da PUC do Rio Grande do Sul, a equipe do professor Iván Izquierdo fez uma descoberta surpreendente: a diferença entre as lembranças que ficam e as que desaparecem para sempre pode depender do que acontecem 12 horas depois. São as 12 horas mágicas da memória.
Nossos cientistas descobriram que o hipocampo produz uma substância que consegue encontrar, 12 horas depois, no meio da gigantesca teia de neurônios, as conexões exatas que formam cada lembrança. Se você reviver de alguma forma essa lembrança exatas 12 horas depois, a substância produzida pelo hipocampo faz as conexões se tornarem permanentes.
"Primeira coisa: se você está interessado em algo que acaba de aprender, pense nisso durante o resto do dia e, entre outras coisas, 12 horas depois. Automaticamente, o cérebro vai fazer isso. Se você não estiver mais interessado, não pense mais. Aprendeu, tudo bem. Esqueceu, tudo bem", orienta o neurocientista da PUC do Rio Grande do Sul.
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
3.3.09
Abaeté: Cidade Menina
Legenda da foto: Renato Andrade (in memorian) e sua inseparável viola
Abaeté é cidade onde mora o Romano, mais conhecido como Maninho. É onde mora o Lucas, o Arley e o Taidinho. Lá também, vive o Preto que, além de amigo, é o prefeito. Tem a Roberta, a Ana Clara e a Eni. Êta gente porreta sô. Têm festas badaladas, gente bonita e divertida. Têm uma famosa ferinha com salgados, doces, música e farinha.
Dizem que lá, também, tem um caboclo chamado Veio do Rio. Dizem que ele sabe da história e do sofrimento humano, exatamente porque, ele é humano. Sei que ele até era budista e tudo, mas um dia explodiu o mosteiro porque dizia não gostar da instituição. Ele é procurado pela polícia e fuma cigarros e charutos. Dizem que isso o faz ancorar os pés no chão, pois caso contrário seria atraído pela voz do rio e nunca mais voltaria. Eu acredito nessa estória.
Às margens do Ribeirão Marmelada, com a Serra do Tigre se levantando no extremo Oeste, Abaeté já é centenária. Pertinho da represa de Três Marias. A cidade tem ruas largas e praças ajardinadas.
Seu aniversário é 1.o de janeiro. Eu sou de lá. Nascido lá. Pelas mãos do mestre Fernando; doutor Fernando. Foi prefeito de Abaeté. Foi e sempre será meu mestre.
Abaeté tem nome de “Homem mau” e gente simples. Lá você vê crianças jogando bola, adolescentes namorando, adultos trabalhando e velhos fofocando. Odeio fofoca. Mas sou fofoqueiro.
Em Tupi-Guarani, Abaeté significa “Homem forte, valente, prudente e ilustre”. Seus filhos são muitos filhos ilustres.
Abaeté é muito conhecida pelas suas belas mulheres e pelo seu carnaval, que nos últimos tempos, tem sido considerado o melhor da região e um dos melhores de Minas.
A Cidade Menina – Título do Hino da Cidade, composta pelo major Belinni e letra do Professor Modesto – tem também boas cachaças. Ou pinga para os leigos.
Seja a garrafa de vidro, louça ou cerâmica. Tonel de carvalho, imburana ou jequitibá. A pinga abaeteense é da boa. Até quem não gosta de beber - que, aliás, não é o meu caso -, aprecia a branquinha ou amarelinha.
É o caso da Roxinha. Uma de minhas preferidas. Produzida há 10 anos na cidade, ela é envelhecida em tonéis de carvalho e jequitibá. A ouro (amarela) custa 12 contos. A prata 8. Como sei? (rs). Lá, também, tem a Mineira Serena; tem Chico Mineiro, Cristalina do Picão e da roça.
Cachaça é como novela. Tem muita gente chique que diz que não gosta, mas, na verdade, adooora.
Lá, também tem violeiro dos bão. Tinha o Renato. De sobrenome Andrade. Morreu.... mas ficou no meu coração e nos corações de muitos outros adoráveis admiradores. Agora tem o Leka. Sanfoneiro tem Toim ou Antônio para quem não conhece.
Famílias tradicionais têm os Garcia; os Valadares, os Cunha Pereira e Lucas Pereira. Tem os Campos; os Abreu; os Silva, os Souza e os Pereira; de minha mãe Luiza Pereira e de meu tio; Antônio Pereira.
Tem meu amigo Barão. Aquele da família dos Villas Boas. Sou amigo dele desde pequenininho. Ele é grande e usa óculos. Eu sou alto e uso um Heuder – Relógio Alemão.
Tem os Lamounier. Do Vicente Lamounier Filho, o Nem do Hospital que é vereador e, provavelmente, candidato a prefeito. Pode ser que ganha, mas, o Cláudio, meu amigo Preto está fazendo um excelente trabalho. Está de parabéns, merece meu respeito, minha admiração e minhas palmas.
Tem também os Souza Cruz. Do Alberico Souza Cruz, aquele da Globo. Foi Diretor de Jornalismo da TV Globo. Agora, fica lá. Na terrinha. Gosto demais dele. Mas, tem um tempo que não vejo. Alguém podia dizer pra ele que eu mandei um abraço.
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
18.2.09
A quarta idade
“Velhice faz parte da vida, por isso temos de aprender a lidar com ela”
Ao mesmo tempo em que aumenta a expectativa média de vida nos países desenvolvidos, cresce a preocupação não só com a formação de profissionais que atendem idosos, mas também o preparo das pessoas para a velhice.
Seja na Alemanha, no Brasil ou em Vilcabamba, no Equador, a expectativa média de vida está em crescimento constante.
Na Alemanha, ela nunca foi tão alta como agora: 78 anos, enquanto a do Brasil gira em torno dos 72 anos. O aumento da longevidade até já criou um termo novo entre os gerontólogos: a "quarta idade". E outro dado interessante: mais de 16% da população alemã tem mais de 65 anos. Por outro lado, o número de pessoas com mais de 65 anos é maior do que o de jovens com menos de 15.
Este envelhecimento da sociedade envolve várias preocupações, que vão desde a formação de profissionais até a preparação das pessoas para seu envelhecimento. É claro que, tanto no Brasil quanto na Alemanha, o ideal continua sendo o da juventude.
Basta ver o mercado de trabalho. As pessoas que perdem o emprego na Alemanha aos 50 anos quase não têm chance de encontrar uma nova ocupação. Mas, pelo fato de na Alemanha haver mais idosos, é mais comum encontrá-los no dia-a-dia, andando de bicicleta ou fazendo as próprias compras. Eles são bem mais independentes do que no Brasil.
Esse aumento da expectativa de vida levou os peritos a definir uma nova fase na vida a partir dos 80 anos: a quarta idade. É uma classificação aparentemente muito teórica, mas ela tem uma finalidade prática, pois diferencia o tratamento dado aos idosos. Para muitos, a terceira idade, mais ou menos dos 65 aos 80 anos, é uma fase da vida muito agradável, sem obrigações profissionais ou familiares.
Já a partir dos 80 anos, muitos são confrontados com aspectos da velhice nem sempre agradáveis, como doenças crônicas ou menos mobilidade. São problemas desagradáveis e que não correspondem aos ideais de dinamismo e independência que se vê nas propagandas.
Esta fase faz parte do processo da nossa vida, por isso temos de aprender a lidar com ela. Quem não tem a vida interrompida por morte súbita, invariavelmente vai chegar a este período, em que necessita de cuidados de outras pessoas.
Viver para além dos 100 anos em plena posse das nossas capacidades físicas e mentais é uma perspectiva cada vez mais real.
É sabido que a nossa realidade social, econômica e cultural está ainda um pouco aquém daquela que já hoje se vive na Europa desenvolvida. Todavia, este fato, ao invés de ser considerado como uma dificuldade, poderá reverter-se para nós numa oportunidade, na medida em que permite antevermos melhor o curso provável das situações e, assim, evitarmos incorrer em erros que outros anteriormente cometeram.
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
4.12.08
A crise a humanidade
(*) Wessery Zago
É óbvio que a crise financeira que atingiu os EUA já chegou no Brasil e a questão não propõe apenas um alerta. Propõe acima de tudo um desafio.
Os governos – surpreendidos pela crise financeira global – como num passe de mágica despejaram recursos bilionários para impedir a falência de bancos e “outras empresas” arrastasse toda a economia a um colapso.
China, Grã Bretanha, Alemanha, Japão e até países como o Brasil se desdobraram para injetar recursos no mercado e impedir o contágio da crise imobiliária. Agora, em meio a essa avalanche de recursos que, somados, chegam a trilhões de dólares, a ONU está fazendo um singelo pedido: quer que os países façam a doação de US$ 7 bilhões para impedir que 30 milhões de moradores da África e do Oriente Médio, vítimas de conflitos ou de tragédias naturais, sucumbam à fome ou à falta de condições sanitárias e habitacionais mínimas.
É claro que o valor pedido pelas autoridades das Nações Unidas é constrangedoramente ínfimo se compara com os montantes dados de mão aberta e mobilizados para salvar instituições que perderam na roleta das finanças ou na falta de visão ou de competência de seus dirigentes.
Vejam vocês que com um décimo dos recursos usados na salvação dos bancos, o planeta poderia promover um salto na qualidade de vida de bilhões de seres humanos, que hoje vivem em níveis miseráveis. Seres que não tem acesso à educação, que sobrevivem em casebres infectos, que viverão e morrerão sem assistência médica e que transmitirão essas condições a seus filhos e netos.
No meu ponto de vista, a crise financeira global não pode servir de argumento e de desculpa para que esses países ricos se esquivem dos deveres de solidariedade que sua condição impõe.
As projeções para 2009 são de aumento de desemprego. Estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam para mais 5 milhões ficarão sem serviço, número que, dependendo do aprofundamento da crise, poderá ser ainda maior. Como toda crise que ocorre, haverá a desaceleração da economia mundial e, conseqüentemente, a classe patronal recorrerá às medidas mais simplistas e imediatas para preservar seus interesses: promover o desemprego, empurrando uma massa de trabalhadores para o mercado informal.
Quem se lembra do discurso otimista do governo brasileiro dizendo que o país não seria afetado pela crise? Os efeitos começam a aparecer no setor bancário e produtivo e podem ser catastróficos.
Empresas como a Sadia, Aracruz, Votorantim Papel e Celulose e a Petrobrás estão entre as vítimas da desvalorização do real. A Aracruz anunciou prejuízo de R$ 1,9 bilhão nos negócios com o mercado de câmbio e a Sadia o montante de R$ 760 milhões. O grupo Votorantim comunicou ao Banco Central que teve perdas de R$ 2,2 bilhões em operações de câmbio, o maior prejuízo divulgado por uma empresa brasileira desde o início da crise de crédito. Já a Petrobrás Distribuidora registra perdas de R$ 118 milhões com operações de hedge (proteção cambial) para cobrir a comercialização de querosene de aviação.
O setor automobilístico, também, já deu sinais de que a crise bateu às portas. Várias montadoras – entre elas a FIAT (Betim) e a General Motors (Rio grande do Sul) – já pisaram no freio ao suspenderem, temporariamente, a produção de veículos.
Como se pode ver, a crise financeira internacional desembarcou no Brasil e comprometeu o crescimento econômico do país em 2009. Os 5% que o Brasil cresceu em 2007 e 2008 ficarão na história como um “vôo de galinha”.
EM TEMPO
Minutos após ao término desse artigo, via telefone, sou informado que Vale do Rio Doce anunciou a demissão de 1.300 empregados no mundo, o que equivale a 2,1% dos seus 62 mil funcionários espalhados por 30 países. A empresa informou, ainda, ter dado férias coletivas a 5.500 trabalhadores.
Só em Minas Gerais foram fechados 260 postos de trabalho, 20% do total de demissões. Entre os empregados em férias coletivas, 4.400 (80%) são da unidade mineira da empresa.
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
É óbvio que a crise financeira que atingiu os EUA já chegou no Brasil e a questão não propõe apenas um alerta. Propõe acima de tudo um desafio.
Os governos – surpreendidos pela crise financeira global – como num passe de mágica despejaram recursos bilionários para impedir a falência de bancos e “outras empresas” arrastasse toda a economia a um colapso.
China, Grã Bretanha, Alemanha, Japão e até países como o Brasil se desdobraram para injetar recursos no mercado e impedir o contágio da crise imobiliária. Agora, em meio a essa avalanche de recursos que, somados, chegam a trilhões de dólares, a ONU está fazendo um singelo pedido: quer que os países façam a doação de US$ 7 bilhões para impedir que 30 milhões de moradores da África e do Oriente Médio, vítimas de conflitos ou de tragédias naturais, sucumbam à fome ou à falta de condições sanitárias e habitacionais mínimas.
É claro que o valor pedido pelas autoridades das Nações Unidas é constrangedoramente ínfimo se compara com os montantes dados de mão aberta e mobilizados para salvar instituições que perderam na roleta das finanças ou na falta de visão ou de competência de seus dirigentes.
Vejam vocês que com um décimo dos recursos usados na salvação dos bancos, o planeta poderia promover um salto na qualidade de vida de bilhões de seres humanos, que hoje vivem em níveis miseráveis. Seres que não tem acesso à educação, que sobrevivem em casebres infectos, que viverão e morrerão sem assistência médica e que transmitirão essas condições a seus filhos e netos.
No meu ponto de vista, a crise financeira global não pode servir de argumento e de desculpa para que esses países ricos se esquivem dos deveres de solidariedade que sua condição impõe.
As projeções para 2009 são de aumento de desemprego. Estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam para mais 5 milhões ficarão sem serviço, número que, dependendo do aprofundamento da crise, poderá ser ainda maior. Como toda crise que ocorre, haverá a desaceleração da economia mundial e, conseqüentemente, a classe patronal recorrerá às medidas mais simplistas e imediatas para preservar seus interesses: promover o desemprego, empurrando uma massa de trabalhadores para o mercado informal.
Quem se lembra do discurso otimista do governo brasileiro dizendo que o país não seria afetado pela crise? Os efeitos começam a aparecer no setor bancário e produtivo e podem ser catastróficos.
Empresas como a Sadia, Aracruz, Votorantim Papel e Celulose e a Petrobrás estão entre as vítimas da desvalorização do real. A Aracruz anunciou prejuízo de R$ 1,9 bilhão nos negócios com o mercado de câmbio e a Sadia o montante de R$ 760 milhões. O grupo Votorantim comunicou ao Banco Central que teve perdas de R$ 2,2 bilhões em operações de câmbio, o maior prejuízo divulgado por uma empresa brasileira desde o início da crise de crédito. Já a Petrobrás Distribuidora registra perdas de R$ 118 milhões com operações de hedge (proteção cambial) para cobrir a comercialização de querosene de aviação.
O setor automobilístico, também, já deu sinais de que a crise bateu às portas. Várias montadoras – entre elas a FIAT (Betim) e a General Motors (Rio grande do Sul) – já pisaram no freio ao suspenderem, temporariamente, a produção de veículos.
Como se pode ver, a crise financeira internacional desembarcou no Brasil e comprometeu o crescimento econômico do país em 2009. Os 5% que o Brasil cresceu em 2007 e 2008 ficarão na história como um “vôo de galinha”.
EM TEMPO
Minutos após ao término desse artigo, via telefone, sou informado que Vale do Rio Doce anunciou a demissão de 1.300 empregados no mundo, o que equivale a 2,1% dos seus 62 mil funcionários espalhados por 30 países. A empresa informou, ainda, ter dado férias coletivas a 5.500 trabalhadores.
Só em Minas Gerais foram fechados 260 postos de trabalho, 20% do total de demissões. Entre os empregados em férias coletivas, 4.400 (80%) são da unidade mineira da empresa.
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
12.11.08
Obama do Brasil
Na manhã do primeiro dia, após as eleições presidenciais dos EUA, na sala de imprensa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em companhia dos jornalistas Fábio Reis (leia-se Rádio Sete Colinas) e Eliseu (leia-se Hoje em Dia), lia atentamente os principais jornais de Minas e do País. Todos - sem exceção - estampavam em primeira página a vitória de Barack Obama ao cargo de presidente dos Estados Unidos da América.
Sinceramente eu não entendo tamanha a comoção dos brasileiros em volta de Obama. Acredito que, se não na totalidade, enorme percentual (90%) dos brasileiros não tem a menor idéia do nome do meio dele, idade e, nem muito menos, quais são suas propostas para levantar os Estados Unidos da América.
Barack Hussein Obama II, nascido em Honolulu, em 4 de agosto de 1961, foi eleito o 44.o presidente da maior nação do mundo. Isso é fato. Você dizer que ele é negro e que foi o primeiro negro a se eleger presidente dos EUA, isso é MARCO, mas, SERÁ QUE ISSO É O SUFICIENTE?
Lembrando que o democrata deixou claro que não se serviria da questão racial durante sua campanha, a candidatura dele empolgou os negros, que formam cerca de 12% da população norte-americana. A questão racial apareceu algumas vezes, entre elas durante as prévias do Partido Democrata, nas quais Obama derrotou a ex-primeira-dama Hillary Clinton. Tratando da polêmica, Obama pediu o fim dos conflitos raciais em discurso.
Não estou afirmando que ele não seja capaz de fazer uma grande mudança e alterar, drasticamente, o rumo dos Estados Unidos da América.
Hussein tem gigantescos desafios a enfrentar. Uma crise financeira que já atinge o Brasil e pode afundar a América numa recessão sem precedentes e duas guerras em andamento (uma necessária no Afeganistão e outra que contraria o bom senso, no Iraque) são os principais deles.
Em outro artigo intitulado “Bush o senhor da Guerra” deixei claro que o legado de Bush é horrível e, agora, Obama tem razão ao dizer que o Afeganistão é o único fronte de batalha real na guerra contra o terrorismo e que o Pentágono não terá os recursos que precisa para derrotar a Al Qaeda e o Talibã até que as tropas americanas comecem a deixar o Iraque. Seu desafio será fazer isso de forma ordenada sem gerar conflitos regionais. O que não será nada fácil.
Há muitos outros problemas a ser resolvidos. Milhões de americanos não tem assistência médica, mesmo os cidadãos mais vulneráveis do país. Outros americanos mal podem pagar por sua assistência ou correm o risco de perdê-las juntamente com seus empregos. Eles precisam ser protegidos.
A mudança climática é uma ameaça mundial e, após anos de negação e imobilidade, os EUA precisa assumir a liderança para lidar com ela. A nação americana precisa desenvolver novas tecnologias mais limpas para reduzir os gases causadores do efeito estufa e sua dependência de petróleo estrangeiro
Os muitos desafios da nação estão além do alcance de apenas um homem, ou um partido político.
Se um anjo lhe sopra num ouvido que o tamanho de sua vitória e sua força política é capital suficiente para as enormes batalhas que tem pela frente, na economia e nas políticas interna e externa, um diabinho captura o outro ouvido para aconselhar: “pense pequeno, empurre com a barriga, finja-se de morto, pois não vai dar mesmo para cumprir aquelas maravilhosas promessas de campanha”.
Acredito que Obama dará ouvidos ao anjinho, sem descuidar que em 2009 expira a legislação que permitiu a Bush cortar os impostos dos mais ricos e 2011, quando as eleições de meio de mandato testam a popularidade do chefe do Executivo.
Também será fato se caso Obama erre na mão para tratar da economia (enferma e no CTI), certamente, se arriscará a perder apoio popular e o respaldo de que dispõe hoje no Congresso Americano.
QUEM VIVER... VERÁ!!!
(*) Wessery Zago é jornalista, escritor e teatrólogo
31.10.08
Custom da Garini chega a Belo Horizonte pela Ultramotos de Patos de Minas
Dispostos a brigar por uma boa fatia do mercado brasileiro de motocicletas, a GARINI MOTORS, do Grupo Itapemirim, deve contribui para aumentar a concorrência nos próximos anos. A Garini transferiu sua linha de montagem para uma área maior na Zona Franca de Manaus com o intuito de fortalecer a imagem da marca no Brasil e aumentar a produção futuro.
Em Minas Gerais, a primeira concessionária da Garini Motors é a Ultramotos (http://www.ultramotos.net/). Localizada na cidade de Patos de Minas, a Ultramotos conta com excelente infra-estrutura, Show Room e oficina especializada. Segundo Lara Síria, diretora da empresa “nos orgulhamos em apresentar ao mercado a revolução em Motocicletas. A Ultramotos nasceu para facilitar o dia a dia de todas as pessoas que desejam um produto de alta qualidade com várias inovações de dar inveja na concorrência”.Lara dá a receita para o sucesso. “A receita é simples. A Garini procurou desenvolver seus produtos com a “cara dos brasileiros”, olhando as necessidades dos consumidores e adequando todas elas a um preço justo”, finaliza Síria.
A cada ano as vendas de motocicletas alcançam índices recordes no Brasil. Só em 2007, por exemplo, a produção ultrapassou a previsão de 1,6 milhão de motocicletas, segundo dados da ABRACICLO - Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas.
Belo Horizonte
A Ultramotos acaba de fazer a primeira entrega da GARINI GR 250T3, Custom em Belo Horizonte. O felizardo e aprendiz a motociclista é esse jornalista que assina essa matéria. Segundo a diretora da Ultramotos, Lara Síria, já há outros compradores em potencial.
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